quarta-feira, 11 de junho de 2008

Dois

Foto de autor desconhecido.

Partido, nosso coração está sempre partindo, repartindo nossa falta entre aqui e lá.Sem conseguir tomar partido, sem saber ao certo porque partimos, fomos indo pra sentir vontade de volver. A saudade borda nosso ar estrangeiro que já era assim antes de sermos tão sem espaço. Por amor, por trabalho, por desespero, por esperança é que estamos sempre indo ao avesso. Somos tão estranhas almas.

E se é o próprio diabo que nos une em perfeita subversão? Criaturas partidas escutam até a voz do oco. Que diferença faz a escolha que fazemos quando estamos fragmentados e inseguros?

3 comentários:

Anônimo disse...

Depois de ter escrito sobre vocação, pra Cathê, como pode perguntar que diferença faz a decisão? Estamos sempre fragmentados e inseguros neste mundo, e a diferença pois então, não seria a escolha que nos aproxima de nós mesmos, que faz dos fragmentos, completudes?
Olhando esta foto e relativizando os antagonismos a partir do que li nos teus ultimos posts, do blog originário, fico me perguntando se não é mesmo o pior cego aquele que não quer ver? O todo? Sendo a vista não só a percepção dos olhos, mas a integralidade do ser, ali, frente ao acontecimento, vindo senão de si mesmo, pois é em si mesmo que lançam-se os dados, das casualidades geometricamente coicidentes... ... ...
Diz-se que a verdade um dia partiu-se em mil pedaços e cada um de nós, pegou uma das partes... Sentindo entretanto que temos a verdade toda nas mãos, sangramos de tão apertadas, de medo de perder, o que achamos ser tudo, tendo apenas a parte, desgarrada, em lancinante esconde-esconde.
Carecidos estamos de estruturas rigorosas, que nos uniria? Misericordiosos os que limites não possuem?
Educ-ação seria o que? Afinal como não crer ou crer no que já é esquecido, mesmo antes de nascer?
Remembrar, rememorar, relembrar, do estado originário do ser, Um.
Mas como, se de medo, a gente só faz é esquecer...?

Pensei que provar a existência de Deus, é o mesmo que explicar pra planta a fotossintese. Desnecessário enlevo, pra nós, criaturinhas tão ceguinhas de respiro. O som do oco é mesmo o eco do silêncio. Só fragmentados, ouvimos o vão, do todo. Ao mesmo tempo, entre nós só sabemos nos dizer da dor de estar partido. Gosto pelo amargo avesso do doce imperceptível... ?
Talvez só tenhamos o medo, por enquanto. Por encanto de maltratados arquivos de tempos de per-versão, pré-conceitos e baixissima estima. Tempo de frio? De seco? Tempos ainda pouco fluidos...
Um dia haverá o não tempo, e dançaremos, todos, juntos.
Giremos!
Que tudo passa e volta e solta os cacos que revoltam a nós todos. È o que sinto.

Leo Lama disse...

Andréita, não acho boa a sua metáfora da planta, pois o homem não é uma planta. A planta não precisa de consciência, o homem sem consciência é um vegetal.

A planta precisa ser regada para que cresça, o homem precisa crescer para ser regado. Entende a diferença?

Beijos.

Anônimo disse...

"A raiz da raiz de teu ser

Não te afastes, chega bem perto!
Crê, não sejas infiel,
Encontra o antidoto no veneno,
- Vem, retorna à raiz da raiz de ti mesmo.

Moldado em barro,
misturado porém à substância da certeza,
tu, guardião do tesouro da luz sagrada,
vem, retorna à raiz da raiz de ti mesmo.

Ao vislumbrares a dissolução
serás arrancado de ti mesmo
e libertado de tantas amarras.
- Vem, retorna à raiz da raiz de ti mesmo.
...

És o talismã que protege o tesouro
e também a mina onde se encontra.
Abre teus olhos, vê o que está oculto.
- Vem, retorna a raiz da raiz de ti mesmo."

...

Rumi