Foto de André Kertész, Central Park, NY -1944
"Salvar uma vida é como salvar o mundo". O Talmud Há vasos bons e veias vivas que não rompem. Carrego um peso que não é meu, mas se aliviar para você me é leve: seu corpo em minhas flores.
Ancorado no céu do seu porto, sigo as ordens do Único e Verdadeiro Capitão. Ao mar: o que seria de nós sem os espelhos? Vejo frestas do firmamento refletidas nas águas que vertem de seus orifícios. Navego.
Salvo seu coração como salvasse um barco, querida, meus braços ofereço como fossem o pélago. No escuro, a vela: um sopro a apaga e a impulsiona. Paradoxos da linguagem da vida. E lá de cima a morte nos observasse: precipício doce sem precipitações.
Vem, assim, ainda, nademos sem salvação. O peixe não quer segurança, quer salto sem rede. E toda a perplexidade de não haver âncora.