Só morre quem sente o abraço. Não adianta abrir os braços e deixá-los assim: ao aberto. Há que se abraçar a Dama do Descanso. Quem te arrancou o amplexo, Miliciano? Quem em imensa crueldade o deixou suspenso: membros escancarados, cabeça tombada no espaço, lábios tortos, garganta engasgada? Miramos o oco do grito mudo de sua arma, goela calada, apontada para o céu, já não mira mais: admira-se que estará para sempre na mão de sua estátua ferida. Quem te deixou para sempre assim: sem leito, sem sepultura, sem o envolvimento do chão? Quem, Miliciano Legalista Frederico Borrell Garcia, quem te deixou em vôo estático, para sempre ferido à bala, sem repouso?
Só sua sombra sobre o solo sossega.
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